Paulo Condessa tem, como o nome indica, sangue real. Possui as duas linhagens, conde e condessa, nele há a determinação e a doçura. Procura a beleza escondida da vida, para a mostrar aos que não vêem muito bem. Fá-lo com palavras, com o corpo e com o coração. As crianças adoram-no, os adolescentes idolatram-no e os adultos surpreendem-se e emocionam-se ao reencontrar o seu lado mais luminoso há tanto tempo oculto.
Nunca ouvi, da parte dele, um não, mesmo quando se tratava de aparecer perante plateias em circunstâncias em que não podia haver uma remuneração. Sempre senti isto como injusto, porque o luxo deve ter um preço. Uma questão de equidade.
Comecei por conhecê-lo enquanto COPO (ele e Nuno Moura), levei-os à minha escola, e das vezes seguintes, por saberem que eles regressavam, o auditório transbordava de alunos. Trabalhou com uma turma e pôs as alunas (eram quase exclusivamente raparigas) de Arte e Design Têxtil dizendo poesia com uma consciência e vigor delas próprias insuspeitada. Pura alquimia. Elas sabem-no e não o esquecem.
Voltou lá sozinho com as suas palavras poéticas e sons de percussão e pôs uma turma rebelde com a cabeça deitada sobre a mesa em estado de meditação natural e não solicitado. Simplesmente aconteceu. Porque ele estava lá.
Fui acompanhando algumas das suas deambulações, li as suas palavras escritas em livro, participámos em oficinas onde o propósito era conhecermo-nos melhor no contacto com a respiração, em realizações da Companhia de Dança Amalgama, ensaiámos juntos com outros amigos um projecto designado Cuidar, e sempre, sempre, os seus traços distintivos se manifestaram: presença inteira, verdade, respeito, talento, humor, ternura explícita pelo outro, amor pelas palavras e por quem as recebe. Sempre senti que tinha perante mim uma pessoa diferente, porque com todas as letras, assumindo-se plenamente nas suas fraquezas para com elas aprender, e procurando, para partilhar, sem arrogância, mas com naturalidade, a sua glória.
Muito tenho aprendido com ele. É um dos tesouros encontrados no meu caminho. Que alegremente agradeço. Recomendo, a qualquer um que o encontre, a não desperdiçar a oportunidade de enriquecer. Porque a fortuna não está nos Bancos.
Risoleta C. PInto Pedro, Escritora.